Artigo

Negociar conflitos é encontrar a solução que satisfaçam as partes, considerando quesitos importantes como a comunicação, os interesses e os objetivos, ouvindo e cuidando para não romper limites éticos nem beneficiar mais uma parte que outra.

É resolver o problema sem precisar ir ao judiciário. O maior desafio é identificar se as partes possuem a vontade de solucionar ou apenas querem litigar por sentimentos incrustados. Manter o equilíbrio emocional e fazer com que a parte que não esteja interessada na composição entenda que esse é o melhor e mais eficaz caminho.

Sempre fui uma advogada com instinto conciliador, há 5 anos comecei a estudar sobre mediação e me encantei com a negociação em 2018 quando resolvi ir para o Insper, em São Paulo, e em seguida para Harvard, em Cambridge.

Experiências únicas que só me fizeram ter mais certeza de que com as habilidades certas, levamos as negociações a patamares de igualdade com a mediação mas com maior eficácia e satisfação.

Então seguem dez pontos importantes sobre a negociação como solução de conflitos:

1. Prepare-se para a negociação e se desfaça dos seus próprios conceitos, vá aberto a ponderar os interesses das partes antes do seu ponto de vista;

2. Separe o problema das pessoas – quando você assim faz, você foca na solução da melhor forma para as partes;

3. Escute ambas as partes, não apenas o contratante; a escuta ativa é o melhor ponto de apoio para um bom negociador;

4. A forma de comunicar deve ser trabalhada, tão importante como ouvir, é ser ouvido e entendido, verifique se está se fazendo entender pelas partes, tanto em forma e linguagem, como em questões de legitimidade e direitos negociados;

5. Coloque a relação das partes como um ponto importante a ser considerado, a relação tem que ser melhorada e não destruída, considere isso para preservar futuras negociações;

6. Considere aumentar os pontos negociados quando houver muitos inegociáveis para que todos se sintam parte privilegiada, é ideal que as partes saiam satisfeitas da mesa de negociação;

7. Procure pontos para basear os argumentos quando for tratar dos interesses inegociáveis, jurisprudência ou decisões recentes são importantes e devem sempre ser consideradas;

8. Leve na mente um plano B, caso a negociação não seja realizada, o conflito pode ser solucionado de outra forma. Nem sempre a negociação é a única fonte. Lembre-se que recorrer ao judiciário não pode ser tido como plano B;

9. Assuma os compromissos firmados, não feche acordos impossíveis de serem cumpridos. As partes precisam ter certeza de que aquilo que foi ajustado será efetivado;

10. A solução de um conflito não é somente o interesse de uma parte, todas as partes envolvidas precisam sair do conflito com a sensação de justiça, é preciso que todos ganhem para ser uma negociação ideal

* Danielle Farias Janguiê é Secretária-Geral do IAP. Advogada e Negociadora de Conflitos com gerenciamento de crises pelo método Harvard. Membro do TED e CODIRE da OAB/PE. Lider do Comitê Jurídico GMB Recife. Fundadora do Farias Janguiê Advogados.